XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

CASO ATIPICO DE DOENÇA DA ARRANHADURA DO GATO

Resumo

Introdução: A doença da arranhadura do gato se apresenta como uma linfadenopatia regional autolimitada, podendo cursar com acometimento visceral, neurológico e envolvimento ocular. O objetivo deste trabalho é relatar um caso incomum dessa doença e a importância do diagnóstico diferencial.
Descrição do caso: Paciente, feminino, comparece à urgência oftalmológica com quadro de dor ocular, com piora à movimentação, e BAV há 7 dias. Refere atendimento prévio em oftalmologia há 2 dias, com diagnóstico de neurite óptica no olho direito. Refere asma. Nega gato doméstico, cirurgias ou traumas oculares. Exame oftalmológico: Acuidade visual sem correção de 20/50 em OD e 20/20 em OE. Presença de Defeito Pupilar Aferente Relativo (DPAR). Biomicroscopia: OD: Edema e borramento de disco óptico com hemorragias em chama de velas peridiscais.OE sem alterações. RM de crânio e órbitas: sem alterações. Realizada internação hospitalar e tratamento com bactrim, doxiciclina e prednisona oral. Solicitadas sorologias, com seguintes resultados: Bartonella henselae IgG: 1:320 // IgM: 1:100. // Bartonella quintana IgG: Não reagente // IgM: 1:640, valores sugestivos de infecção. Demais sorologias negativas. Evoluiu com melhora da acuidade visual em OD para 20/20p, redução do edema e borramento de disco óptico, surgimento de exsudatos duros em mácula e aumento de calibre e tortuosidade de vasos, com cruzamento AV patológico.
Discussão: Neurorretinite óptica é uma manifestação atípica da bartonelose, que ocorre em apenas 1-2% dos casos, tendo o Bartonella henselae como principal agente etiológico nos casos infecciosos. Sua fisiopatologia está relacionada à inflamação da trama vascular do nervo óptico, aumento da permeabilidade e exsudação de fluido para a camada plexiforme externa da retina justapapilar. A neurite óptica desmielinizante é um importante diagnóstico diferencial, cursando, geralmente, com acometimento monocular, BAV importante e DPAR. O diagnóstico definitivo pode ser feito pela RM ³, e o tratamento consiste em pulsoterapia com metilprednisolona, geralmente com uma boa resposta e rápida recuperação da acuidade visual.
Conclusão: O diagnóstico de Neurorretinite óptica se baseia, principalmente, na anamnese e exame físico. Casos com manifestações oculares isoladas dificultam o diagnóstico diferencial com neurite óptica, sendo a fundoscopia e realização de sorologias a propedêutica nesses casos. É fundamental a definição da doença, uma vez que os tratamentos diferem.

Referências Bibliográficas

Área

UVEÍTES (Trabalhos)

Instituições

UFMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

PATRICK DIAS ALBANO RAMOS, BRUNO CABALEIRO CORTIZO FREIRE , LUÍS HENRIQUE DIAS LIMA, JOÃO VICTOR MAGALHÃES SCOPEL , LEONARDO BARBOSA RIBEIRO, LUCAS BRANDÃO DAMASCENO GÓES , SAULO YUDI SAKASHITA, TIAGO REZENDE SAVIAN, CAROLINA BRITO ALMEIDA, CAROLINA BRANDÃO DAMASCENO GÓES , HUGO BORGES MARQUES, LEONARDO REZENDE BERTOLDO FILHO, ISABELA BELMON BARRETO CAMPOS, MARCOS ALONSO GARCIA , BEATRIZ QUEIROGA VICTOR