Dados do Trabalho
Título
OCLUSAO DO RAMO INFERIOR DA ARTERIA CENTRAL DA RETINA EM UMA PACIENTE COM FEBRE REUMATICA
Resumo
Introdução
A oclusão da artéria central da retina (OACR), caracterizada por amaurose súbita unilateral e indolor, é uma emergência oftalmológica rara que em geral atinge homens idosos e pode causar danos irreversíveis. Pode decorrer de embolismo e melhorar com deslocamento do êmbolo. Ao diagnóstico, investiga-se a causa e inicia o tratamento.
Relato do Caso
Paciente, 41 anos, feminino, dislipidêmica, com febre reumática, refere amaurose súbita em olho esquerdo (OE) sem fator desencadeante e sintomas associados. Atendida na oftalmologia após 24h com queixa somente de hemianopsia superior do OE. À fundoscopia, foi identificada palidez retiniana inferior em OE com microtrombo no ramo inferior próximo à bifurcação da artéria central da retina. Campimetria confirmou hemianopsia superior. Demais exames sem alterações. Feito hipotensor ocular, massagem e iniciado rivaroxabana pela clínica. Angiofluoresceinografia (AFG) confirmou OACR. Solicitados exames complementares, com lesões valvares reumáticas ao ecocardiograma. Avaliação negativa de coagulopatias. Evoluiu com melhora visual e coloração normal da retina à fundoscopia, sem visualização do êmbolo. No momento, apresenta escotoma arqueado superior em OE e usa AAS. Tomografia de coerência óptica (OCT) tardia revelou atrofia das camadas mais superficiais da retina inferior.
Discussão
A OACR é rara em jovens, devendo-se considerar condições específicas como cardiopatias, trombofilia e condições autoimunes, reumáticas e idiopáticas. À história de febre reumática, deve realizar ecocardiograma para avaliação de valvulopatias, que no caso não tiveram relação com a OACR. Assim, outras investigações estão sendo realizadas para identificar a causa. Também é preciso excluir fibrilação atrial por ser uma causa prevalente. À fundoscopia, observa-se palidez retiniana e edema no segmento arterial acometido, podendo o êmbolo ser visto em 20% dos casos. Ademais, atraso no enchimento arterial e áreas atróficas podem ser vistas na AFG e OCT, respectivamente. As opções de tratamento incluem redução da pressão intraocular e anticoagulação. Apesar da gravidade, houve boa evolução da paciente.
Conclusão
A OACR é rara em mulheres jovens e há várias causas. O diagnóstico precoce, a avaliação etiológica e a conduta nas 24h iniciais relaciona-se ao bom prognóstico.
Bibliografia
Kanski J, Bowling B. Kanski's Clinical ophthalmology. 8 ed. Edinburgh: Elsevier; 2016. 549 p.
Yanoff M, Duker JS. Oftalmología. 3 ed. Rio de janeiro: Elsevier; 2011. 622 p.
Área
RETINA (Trabalhos)
Instituições
FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
BRUNNO SOARES DO AMARAL FERNANDES, BÁRBARA MUSSEL SANTOS, ANDRÉ LUIZ RODRIGUES RIBEIRO