Dados do Trabalho
Título
RESULTADOS ANATOMICOS E FUNCIONAIS NA MACULOPATIA SECUNDARIA A FOSSETA CONGENITA DE DISCO OPTICO - RELATO DE CASO
Resumo
INTRODUÇÃO: A Fosseta Congênita de Disco Óptico (FCDO) é uma anomalia rara que acomete o nervo óptico que pode levar ao descolamento da retina e possível maculopatia secundária. Em geral, apresenta-se unilateral e infratemporal como depressão ou herniação dos tecidos da escavação do nervo óptico e da retina peridiscal. O mecanismo do descolamento não é totalmente elucidado, mas se estima que possa ser dado por infiltração de líquido do vítreo, do líquor ou a partir de vasos na base da fosseta para o meio sub-retiniano. O objetivo deste artigo é relatar os resultados anatômicos e funcionais em um quadro de maculopatia grave secundária à FCDO. Descreveremos apresentação clínica e resultados de exames.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo masculino, 38 anos, relata perda visual leve, aguda e metamorfopsia em olho direito (OD), minutos após correr uma maratona. Ao exame oftalmológico: Acuidade Visual Corrigida (AVCC) OD 20/25 e olho esquerdo (OE) 20/20; Tonometría: 16/16 mmHg. Sem alteração do reflexo pupilar. Segmento anterior normal. Ao exame apresentava sinais de maculopatia acentuada com buraco macular lamelar interno e maculosquise da retina interna (Figura 1). O exame de microperimetria revelou perda difusa da sensibilidade, maior na área foveal. Após discussão do caso e na ausência de melhora espontânea, foi indicada a cirurgia. Realizada vitrectomia posterior (VP) 25 gauge com remoção da hialoide posterior e troca fluido-gasosa SF6 a 20%, sem peeling da membrana limitante interna ou fotocoagulação a laser. No pós-operatório, o paciente apresentou melhora visual e anatômica progressiva ao longo de 18 meses de acompanhamento (Figura 2).
DISCUSSÃO: A FCDO é assintomática. Porém, metamorfopsia, micropsia, visão turva ou aumento da mancha cega podem estar presentes. No nosso caso a adesão e tração da membrana hialóide pode ter exercido papel preponderante na gênese da maculopatia. Nestes casos a tração vítrea pré-existente na mácula e no disco óptico desenvolve uma pressão negativa que favorece a entrada de líquido por meio da FCDO. A VP com remoção da hialóide posterior e troca fluido-gasosa promove alívio da tração vítreo-macular, resultando em melhora do edema macular e do fluido intra e subretiniano.
CONCLUSÃO: Mesmo em situações de acentuada alteração anatômica e perda visual por maculopatia secundária à FCOD, a VP com remoção da hialóide posterior e troca fluido-gasosa parece ser um método seguro e eficaz de tratamento quando há adesão vitreomacular.
Referências Bibliográficas
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Área
RETINA (Trabalhos)
Instituições
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF - Minas Gerais - Brasil
Autores
PEDRO HENRIQUE FIGUEIRA BASSON, LUCAS GARRIDO ALMEIDA, RODRIGO GOMES EL HADJ, JULIA ANDRADE MARQUES, ANA LUIZA FERNANDES OTTONI PORTO, MARIA EDUARDA CORRADI FERREIRA, PEDRO GUILHERME MAGELA MACHADO SOARES, LEONARDO PROVETTI CUNHA