XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

RETINOPATIA SOLAR APOS SURTO PSICOTICO: RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO

A retinopatia solar consiste em uma afecção foto-traumática da mácula causada pela observação direta ou indireta de fontes luminosas intensas. Frequentemente, está associada ao uso de drogas recreativas, rituais religiosos, distúrbios psíquicos e observação de eclipses.
O presente relato descreve um paciente portador de esquizofrenia paranoide que, durante a fase psicótica descompensada de sua doença, evoluiu com baixa acuidade visual (BAV) e escotoma central, o que doravante foi associado à presença de um microburaco lamelar externo em topografia foveal bilateral consideravelmente extenso, de acordo com a literatura.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 29 anos, avaliado em maio de 2023 no HOHR, trazia queixa de BAV bilateral. Possui diagnóstico de esquizofrenia paranoide há 11 anos e intercorria com surtos psicóticos nos quais referia longos períodos de mirada direta para o sol. O paciente referia que “olhava para o sol porque achava que lá era o inferno” (sic). No final de 2022, houve controle dos sintomas e do quadro psíquico, sem novos surtos. Durante avaliação neurológica, foi submetido a TC e RM de crânio, sem evidência de alterações estruturais. Revisão laboratorial não apontou distúrbios metabólicos e, em avaliação da neuroftalmologia, foram excluídas neuropatias tóxico-metabólicas e medicamentosas. Ao exame oftalmológico, AV com correção: 20/70 em ambos os olhos (AO). Biomicroscopia sem alterações AO. Fundoscopia: lesão macular hipercrômica concêntrica e simétrica AO. Foi submetido à avaliação tomográfica de retina (OCT) que revelou microburaco lamelar externo em topografia foveal bilateral de 190 micras em olho direito e 187 micras em olho esquerdo.

DISCUSSÃO

A etiopatogenia da retinopatia solar é explicada por dano fotoquímico ao epitélio pigmentar da retina (EPR) e fotorreceptores, causando interrupção das interdigitações entre o EPR e segmento externo. O estresse oxidativo é considerado o principal mecanismo da lesão. Em fase avançada, o dano retiniano deixa como sequela o microburaco lamelar foveal externo, atualmente sem abordagem terapêutica validada.
À OCT, a lesão hiporrefletiva mostra desorganização e perda da zona de interdigitação entre fotorreceptores e EPR, assim como interrupção da zona elipsoide.

CONCLUSÃO

Pacientes portadores de distúrbio mentais são mais vulneráveis às doenças oculares diagnosticadas em fases mais tardias e, portanto, devem ser considerados grupo de maior atenção para a comunidade de médicos oftalmologistas.

Referências Bibliográficas

Área

RETINA (Trabalhos)

Instituições

Hospital de Olhos Hilton Rocha - Minas Gerais - Brasil

Autores

KAREN MARIA SOUSA MIRANDA, OSWALDO EUGÊNIO DE MOURA E SILVA FILHO, ANTÔNIO DE MEDEIROS BATISTA FILHO, MARIA KAROLAYNE OLIVEIRA LIMA, GILBERTO ZULATO CHAVES FIGUEIREDO