XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

CATARATA POLAR POSTERIOR EM PACIENTE COM DOENÇA DE VOGT-KOYANAGI-HARADA

Resumo

Introdução: A doença de Vogt-Koyanagi-Harada (VKH) é uma doença autoimune multissistêmica. No escopo oftalmológico apresenta-se como uma panuveíte granulomatosa bilateral recorrente. As principais complicações são catarata e glaucoma. Relato do caso: Paciente do sexo masculino, 50 anos, pardo, com diagnóstico de VKH, pseudofácico em olho esquerdo (OE). Comparece a consulta com queixa de baixa acuidade progressiva em olho direito (OD) há 1 ano. Ao exame oftalmológico: acuidade visual corrigida 20/200 em OD e percepção luminosa em OE. Potencial de acuidade visual 20/30 em OD e sem melhora em OE. Biomicroscopia: Presença de trabeculectomias em ambos os olhos (AO), com bolhas filtrantes e iridectomias pérvias. Catarata polar posterior em OD. Opacidade corneana por ceratopatia bolhosa em OE. Pressão intraocular: 4 mmHG em OD e 11 mmHG em OE. Fundoscopia: Disco óptico regular, com escavação 0,5x0,5, áreas de atrofia de EPR e retina aplicada em OD. Indevassável em OE. Iniciada corticoterapia profilática pré-operatória e realizada FACO com implante de lente intraocular no saco, associada a corticoterapia subconjuntival no intraoperatório. Paciente evolui com piora visual em 1 mês por opacidade de cápsula posterior e síndrome da contração de capsular em OD, sendo indicada capsulotomia anterior e posterior em vigência de corticoterapia regressiva. Evolui com acuidade visual 20/30 e segue em acompanhamento, sem reativação inflamatória. Discussão: A catarata é a principal complicação de VKH. Para reduzir o risco de reativação da doença após a cirurgia, é indicada realização na ausência de inflamação há 3 meses, corticoterapia pré-operatória com regressão de dose lenta e injeção de corticóides perioculares intraoperatórios. Sinéquias posteriores e glaucoma secundário são fatores que dificultam a cirurgia. O glaucoma, nesse caso, possui mecanismo multifatorial, incluindo trabeculite, glaucoma induzido por corticoesteróides, bloqueio pupilar, fechamento sinequial e derrame uveal. Segundo a literatura, 38.9% dos pacientes com VKH que apresentam catarata desenvolvem o subtipo misto com subcapsular posterior e polar posterior. Associado a isso, a opacidade de cápsula posterior após a cirurgia tem incidência de 76%, sendo a capsulotomia procedimento importante a ser considerado. Conclusão: Rigoroso perioperatório, associado a técnica meticulosa proporcionam bons resultados após facoemulsificação em portadores de VKH e menor risco de complicações.

Referências Bibliográficas

Referências:
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Área

CATARATA (Trabalhos)

Instituições

UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

ARTHUR FRANCO BRUN, FLAVIA GUEDES PINTO DOMINGUES, PEDRO HENRIQUE ALMEIDA DA SILVA MONTEIRO, GIULIA CAMARA LUCENA DA FONSECA