XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

TOXOPLASMOSE OCULAR BILATERAL REATIVADA APOS TRANSPLANTE DE MEDULA OSSEA EM PACIENTE COM APLASIA MEDULAR

Resumo

Introdução: A toxoplasmose possui alta prevalência, sendo o Brasil região endêmica. O acometimento ocular pode ocorrer concomitante ou tardio a doença sistêmica. A aplasia de medula apresenta-se com pancitopenia, sendo tratada com imunossupressão e transplante de medula óssea (TMO), tornando o paciente susceptível a infecções oportunistas, como a toxoplasmose. Relato do caso: Paciente de 34 anos, masculino, aplasia de medula há 25 anos. Em uso: Etanercept, Prednisona e Ácido fólico. Compareceu ao serviço com queixa de baixa acuidade visual (BAV) e floaters há 1 semana. Ao exame oftalmológico: acuidade visual corrigida 20/20 em olho direito (OD) e 20/100 em olho esquerdo (OE). Biomicroscopia: traços de células em câmara anterior e células vítreas anteriores 1+ em OE. Pressão intraocular 11mmHg em ambos os olhos (AO). Fundoscopia: cicatriz coriorretiniana nasal, com retinocoroidite em atividade adjacente em OE. Foi realizado tratamento para toxoplasmose com perda de seguimento, não sendo iniciada profilaxia pelo uso de imunossupressores. Após 7 meses, retorna ao serviço com queixas no olho contralateral, com BAV e queixa de floaters em OD. Apresentava-se ictérico por anemia aplásica refratária ao TMO. Ao exame oftalmológico: acuidade visual corrigida 20/60 em OD e 20/20 OE. Biomicroscopia: celularidade em câmara anterior 2+, precipitados ceráticos 1+ e flare 1+ em OD. Pressão intraocular 11mmHg em AO. Fundoscopia: opacidade vítrea em OD e cicatriz coriorretiniana nasal em OE. Tratamento para toxoplasmose foi iniciado, com dose profilática posteriormente mantida até reavaliação. Paciente em seguimento com acuidade visual 20/20 em AO. Discussão: Pacientes com aplasia de medula em uso de imunossupressores se tornam susceptíveis a infecções oportunistas. Em receptores de TMO, a toxoplasmose pode ser causada por um enxerto infectado ou por reativação de uma infecção latente. A infecção ocorre mesmo em pacientes soropositivos após TMO, sugerindo reativação de infecção latente. O tratamento profilático deve ser realizado nesses casos, principalmente se cicatriz coriorretiniana prévia. A toxoplasmose ocular em imunocomprometidos tem padrão atípico, apresentando quadro multifocal, recidivante, podendo acometer o olho contralateral apesar de raro. Conclusão: Importante seguimento clínico para prevenir ou limitar a perda visual permanente da visão por toxoplasmose ocular. Em imunocomprometidos a profilaxia se faz essencial, sendo mandatória após TMO.

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Área

UVEÍTES (Trabalhos)

Instituições

UFRJ - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

ARTHUR FRANCO BRUN, JULIANA ROCHA DE MENDONÇA DA SILVA, BRUNO DA SILVA FIRMINO FERREIRA, RAFAELA RACHED PEDRO