XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

SINDROME DE MORNING GLORY EM PACIENTE PEDIATRICO: UM RELATO DE CASO

Resumo

Introdução: A Síndrome de Morning Glory (SMG) trata-se de uma malformação congênita rara, com prevalência de 2,6 a cada 100.000 indivíduos, acometendo duas vezes mais as mulheres. É caracterizada por alterações na anatomia do disco óptico (DO), geralmente unilateral. Na fundoscopia, são tipicamente observados um aumento do DO com bordas mal definidas, escavação profunda em formato de funil, presença de tecido glial central, pigmentação em torno do DO e disposição radial da vasculatura retiniana. Descrição do caso: Paciente HBM, sexo feminino, 11 meses, comparece ao atendimento oftalmológico ambulatorial. Foi realizado exame oftalmológico de rotina, utilizando-se do teste do Reflexo Vermelho (TRV), que se apresentou normal em ambos os olhos. Além disso, a paciente foi submetida à retinoscopia e à fundoscopia sob midríase. O resultado dos exames apresentou que à retinoscopia não houveram sinais de erros refrativos e à fundoscopia revelou DO do olho direito com escavação aumentada e presença de tecido glial sugestivo de SMG e olho esquerdo apresentou DO sem alterações. A paciente segue realizando controle semestral com oftalmopediatra, após ter sido orientada sobre importância do acompanhamento, quanto ao prognóstico e cuidados cabíveis, e não apresentou nova alteração ocular ou extra-ocular até o momento. Discussão: A SMG pode estar associada a erros refrativos, além de ser causa importante de leucocoria nos primeiros anos de vida, demonstrando a importância de realizar o TRV periodicamente na população pediátrica. Também pode vir acompanhada de anormalidades faciais e neurológicas, tornando ainda mais relevante um acompanhamento multiprofissional. Vale ressaltar que a acuidade visual dos pacientes com SMG é variável, sendo o prognóstico associado ao envolvimento da mácula, descolamento de retina (DR) e presença de ambliopia. O DR é a complicação mais grave, observada em até um terço dos casos e demandando intervenção cirúrgica imediata. Ademais, em casos de SMG unilateral, é importante acompanhar o olho contralateral, já que há maior chance de DR e catarata mesmo no olho não afetado. Conclusão: No caso apresentado, embora não houvesse queixas clínicas, ainda assim o exame constatou alteração sugestiva de SMG, o que evidencia a importância da avaliação oftalmológica completa e periódica em crianças. Tal medida possibilitaria diagnósticos mais precoces de SMG e, consequentemente, menor risco de complicações pela doença.

Referências Bibliográficas

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Área

RETINA (Trabalhos)

Instituições

Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

SARAH SALOMAO JEHA, ANA FAYGA REZENDE MAFRA, MATHEUS ARTUSO MARCATO, PEDRO ANTONIO CUNHA CAMPOS