XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

CASO RARO DE CORIORRETINOPATIA EXSUDATIVA HEMORRAGICA PERIFERICA BILATERAL

Resumo

Introdução:
Trata-se de um caso de coriorretinopatia exsudativa hemorrágica periférica (CREHP), doença retiniana degenerativa rara que acomete mulheres idosas caucasianas, podendo ser uni ou bilateral.

Caso:
EAN, feminino, branca, 80 anos, pseudofácica, com história de drusas difusas em ambos os olhos (AO). Apresentou baixa de acuidade visual (BAV) em AO - acuidade visual (AV) de 20/40 em olho direito (OD) e 20/200 em olho esquerdo (OE). Visualizadas lesões coroideanas periféricas temporais inferiores bilaterais com extensa exsudação e hemorragias ao redor, além de descolamento seroso da retina alcançando grandes arcadas no OD e a mácula no OE (fig. 1-4). Tomografia de coerência óptica (OCT) com múltiplas drusas AO, moderado descolamento do epitélio pigmentar (DEP) parafoveal temporal em OE, com líquido subretiniano, e lesão elevada, arredondada e hiperreflectiva subretiniana (fig. 5-7). Feito diagnóstico de CREHP e instituído tratamento com três doses intravítreas de fator anti-crescimento endotelial vascular (anti-VEGF), aflibercept, AO. Evoluiu com melhora da AV e não apresentou recidiva até 3 meses após a última injeção.

Discussão:
A CREHP caracteriza-se por lesões coriorretinianas periféricas com mobilização ou atrofia do epitélio pigmentar da retina (EPR), DEP seroso e/ou hemorrágico, exsudação ou hemorragia sub-retiniana e, raramente, hemorragia vítrea. Pode ser desde assintomática até apresentar BAV importante, se acometimento macular. Com fisiopatologia incerta, acredita-se que seja semelhante à degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e à vasculopatia polipoidal da coroide (VPC). A ultrassonografia B-scan demonstra “massa” em forma de cúpula hipo ou hiperreflectiva. No OCT, pode haver DEPs, irregularidades do EPR, fluido sub-retiniano e fibrose. À angiofluoresceinografia, pode apresentar bloqueio da fluorescência da coroide por hemorragia, enchimento nos locais de DEP e/ou defeito em janela por atrofia do EPR. Faz diagnóstico diferencial com melanoma de coroide, inflamação intraocular e macroaneurisma. Com bom prognóstico, tende a estabilizar-se ou regredir para fibrose sub-retiniana, hiperplasia ou atrofia do EPR. Anti-VEGF é realizado se acometimento sub-foveal com BAV, com resposta satisfatória.

Conclusão:
Apesar de rara, é necessário conhecer as características da CREHP por ela fazer diagnóstico diferencial com patologias graves, como o melanoma de coroide. O correto diagnóstico e tratamento é essencial para o prognóstico visual.

Referências Bibliográficas

1. Safir M, Zloto O, Fabian ID, Moroz I, Gaton DD, Vishnevskia-Dai V. Peripheral Exudative Hemorrhagic Chorioretinopathy with and without treatment—Clinical and multimodal imaging characteristics and prognosis. Vavvas DG, editor. PLOS ONE. 2022 Sep 27;17(9):e0275163.

2. Shields CL, Salazar PF, Mashayekhi A, Shields JA. Peripheral Exudative Hemorrhagic Chorioretinopathy Simulating Choroidal Melanoma in 173 Eyes. Ophthalmology. 2009 Mar;116(3):529–35.

Área

RETINA (Trabalhos)

Instituições

IPSEMG - Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

BEATRIZ MIRANDA ASSIS, GIZELI HORTA DE OLIVEIRA