XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

MANEJO CIRURGICO DE FACECTOMIA EM PORTADOR DE IRIDOCICLITE HETEROCROMICA DE FUCHS: RELATO DE CASO

Resumo

A Síndrome Uveítica de Fuchs (SUF) ou Iridociclite Heterocrômica de Fuchs corresponde a um quadro de uveíte anterior crônica, insidiosa, não granulomatosa e usualmente unilateral. É caracterizada por heterocromia de íris, iridociclite com presença de precipitados ceráticos (PK) de aspecto estrelado e catarata[1]. Sua etiologia é desconhecida e alguns autores consideram a associação com infecções virais (Rubéola, Herpes, Epstein-Barr, CMV e etc)[2].
G.S.A., homem, 39 anos, chega ao Departamento de Córnea em abril de 2022 encaminhado para avaliação de catarata no olho direito (OD) após trauma contuso. Acuidade visual com correção (AVCC): conta dedos em OD e 20/40 com Pin Hole em OE. No pré-operatório, foi observado à biomicroscopia catarata branca, presença de PK e heterocromia adquirida de íris em OD. À gonioscopia presença de vasos irianos em OD. À ultrassonografia ocular Modo-B em OD, realizada em 24/03, foi observado discreto processo hemorrágico e/ou inflamatório na cavidade vítrea. Realizada facectomia com implante de LIO em OD, sem intercorrências. AVCC 20/50+ no pós-operatório. Biomicroscopia sem reação de câmara anterior relevante. LIO tópica, PK inferiores, íris com atrofia difusa com vascularização aparente. À gonioscopia, OD com ângulo aberto e presença de vasos sanguíneos em trabeculado. PIO OD 14 mmHg. Fundoscopia sem alterações relevantes.
Trata-se de uma clínica típica de SUF na qual, neste caso, o paciente procurou atendimento devido a catarata traumática. Nesse sentido, o diagnóstico da síndrome é fundamental para o melhor manejo cirúrgico. Considerando isso, o planejamento em portadores de SUF deve levar em consideração possíveis achados intraoperatórios, entre eles, instabilidade de saco capsular, sinal de amsler, cápsula anterior fibrótica e catarata branca com córtex liquefeito[3]. Dessa forma, torna-se essencial a preferência por certos manejos, a exemplo da incisão corneana em detrimento de incisões mais posteriores/esclerais, escapando de hemorragias filiformes, bem como o uso significativo de viscoelástico para evitar aumento da pressão intracapsular no momento da rexis e ocorrência de bandeira argentina.
Devido ao quadro insidioso, a SUF é altamente subdiagnosticada. Sendo, portanto, mais conhecida pelas suas complicações, seu diagnóstico é fundamental para tratamento adequado destas[4]. Dessa forma, conclui-se que o presente relato de caso é oportuno para estudo do melhor manejo cirúrgico da facectomia em paciente portador de SUF.

Referências Bibliográficas

1. Kanski JJ, Bowling B. Kanski Oftalmologia Clínica: Uma abordagem sistêmica. 8ª edição. GEN Guanabara Koogan; 2016. 692 p.
2. Quentin CD, Reiber H. Fuchs heterochromic cyclitis: rubella virus antibodies and genome in aqueous humor. American Journal of Ophthalmology. 2004 Jul; 138 (1): 46–54.
3. Rashid W. Fuchs Heterochromic Iridocylitis: Clinical Characteristics and Outcome of Cataract Extraction with Intra Ocular Lens Implantation in a Kashmiri Population - A Hospital Based Study. Journal of Clinical and Diagnostic Research. 2016; 10(12): NC13–NC16.
4. Milazzo S, Turut P, Borhan M, Kheireddine A. Intraocular lens implantation in eyes with Fuchs’ heterochromic iridocyclitis. Journal of Cataract & Refractive Surgery. 1996; 22 (Suplemento 1): 800–5.

Área

CÓRNEA (Trabalhos)

Instituições

Centro Oftalmológico de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

LUISA SANTANA SANTOS, LILIAN CAIAFA FERREIRA MACHADO, BRUNA LUIZA FARIA AMORIM, LÍVIA HASTENREITER E MELO BATALHA, ANDRÉ LOPES CARVALHO PEREIRA, LUISA PIRES COSCARELLI, VITORIA CHIODI PEREIRA, ANDRE LUIZ PÁDUA PIRES, SANDRO PIRES COSCARELLI