XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

IMPORTANCIA DO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DO EDEMA DE PAPILA PARA EVITAR IATROGENIA

Resumo

Introdução: O termo “papiledema”, embora corriqueiramente utilizado para se referir à elevação do disco ótico (DO), se refere apenas a alterações do DO secundário à uma elevação da pressão intracraniana¹. Frente a isso, é fundamental um diagnóstico diferencial apropriado entre papiledema verdadeiro e pseudopapiledema.
Relato de Caso: Feminino, 10 anos, relata redução da acuidade visual e cefaleia. Ao exame, AVCC em AO de 20/25. FO evidenciava DO de limites imprecisos, bilateralmente. OCT solicitado evidenciou elevação difusa de disco óptico compativel com edema de papila. 
Frente aos achados, a paciente foi encaminhada ao pronto-atendimento, onde realizou TC de cranio que não apresentava alterações. Optado, então, por internação e extensão propedeutica: angioressonância venosa central, ressonância magnética de encéfalo e órbita e exame do líquor sem alterações. Diante de propedêutica tranquilizadora, paciente recebeu alta hospitalar.
Após, retornou ao serviço de oftalmologia e realizou ultrassonografia ocular (Eco-b) que evidenciou DO com presença de altareflectividade e sombra acústica posterior compatível com calcificação (drusa de disco).
Discussão: As drusas de disco óptico são concreções acelulares proteicos com calcificação progressiva ao longo da vida, tem uma prevalência de 0,34% com acometimento geralmente bilateral, os pacientes geralmente são assintomáticos, porém pode estar associado à um prejuízo do campo visual². Em crianças as drusas podem apresentar uma ausência de calcificação e estar mais profundas no DO, à oftalmoscopia pode simular o aspecto de papiledema, o que pode levar à investigações extensas e desnecessárias para causas de aumento da pressão intracraniana³. Atualmente, o OCT é o exame mais utilizado para o diagnóstico de drusas ³, entretanto, a ecografia-B com ganhos baixo à médio pode auxiliar no diagnóstico ².
Conclusão: O diagnóstico diferencial entre drusas de DO e papiledema pode ser bastante desafiador somente à oftalmoscopia, entretanto, a avaliação complementar com o OCT ou Eco-b é de grande valor para estabelecer o correto diagnóstico.

Referências Bibliográficas

1.Davis P, Jay W. Optic nerve head drusen. Seminars in Ophthalmology. 2003 Jan;18(4):222–42.
2- Golnik K. Congenital and acquired abnormalities of the optic nerve [Internet]. Paysse E, editor. UpToDate. 2023 [cited 2023 May 29].
3- Hamann S, Malmqvist L, Costello F. Optic disc drusen: understanding an old problem from a new perspective. Acta Ophthalmologica. 2018 Apr 16;96(7):673–84.

Área

NEUROFTALMOLOGIA (Trabalhos)

Instituições

IPSEMG - Minas Gerais - Brasil

Autores

BRUNO LUCAS ANDRADE, RENATO SILVEIRA SANTANA, ANA CAROLINA CANEDO DOMINGOES FERREIRA, LARISSA REISEN NETTO, VITOR AUGUSTO PEREIRA DE CARVALHO