XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

Manifestação ocular da esporotricose: um caso incomum em paciente pediátrico.

Resumo

INTRODUÇÃO
''A esporotricose é uma micose causada pelo fungo da espécie Sporothrix spp, causando doenças principalmente na população de países de clima tropical e subtropical."1 ''A infecção normalmente é adquirida pela inoculação do fungo através da pele, e as lesões costumam ser restritas a mesma, além de tecido subcutâneo e vasos linfáticos adjacentes."2 ''Raramente dissemina-se para outros órgãos. A forma ocular é rara em pacientes imunocompetentes ou sem trauma ocular prévio.''2 ''O diagnóstico é feito através de exame clínico e exames complementares como o cultivo micológico e citológico, no qual pode-se observar a presença do fungo.''1,3

RELATO
Paciente do sexo feminino, 8 anos de idade, com quadro de hiperemia ocular e edema palpebral há 5 dias. Ao exame apresentava acuidade visual preservada 20/20, biomicroscopia com edema palpebral em olho esquerdo com presença de granuloma em tarso superior, ausência de alterações na fundoscopia. Foi realizado investigação para esporotricose e na história relata ter contato com gato em casa doente. Antes da confirmação laboratorial foi realizado tratamento com azitromicina sem sucesso. Assim que confirmado o diagnóstico este através da patologia no animal doente, paciente iniciou tratamento com medicação antifúngica oral associado à um colírio corticoide, onde houve melhora progressiva do quadro que se estendeu por 4 meses de acompanhamento regular com remissão total da lesão.

DISCUSSÃO
''O comprometimento ocular pode ocorrer tanto por inoculação/traumatismo ou por disseminação hematogênica.''4 ''A difusão zoonótica no ambiente domiciliar ocorre principalmente por arranhadura ou contato com dejetos de animais contaminados.''4 No caso clínico apresentado, o paciente teve contato com um felino infectado em seu domicílio. ''Normalmente a infecção se inicia após a conjuntiva, pálpebra ou córnea ser infectada, sendo a conjuntivite granulomatosa a manifestação clínica mais frequente, no entanto a literatura descreve diversas manifestações como uveite, ceratite, e dacriociste granulomatosas, esclerite e síndrome óculo-glandular de Parinaud.''4- 6 ''O tratamento da forma ocular é semelhante ao da forma cutânea, sendo indicado o uso de antifúngicos nas mesmas doses.''6

CONCLUSÃO
Apesar de a esporotricose ocular ser uma manifestação rara em pacientes imunocompetentes, a mesma deve ser lembrada pelos médicos pela possibilidade de tratamento precoce com resolução total do problema, evitando progressão para cegueira.

Referências Bibliográficas

1. Almeida LGF, Almeida VGF. Uma revisão interdisciplinar da esporotricose. Rev Eletr Estacio Saude. 2015;4(2):180-192.

2. Barros MB, Lima MB, Gonçalves AG, Silva EA, Schubach AO. Esporotricose: a evolução e os desafios de uma epidemia. Rev Panam Salud Publica. 2010;27(6):455-460.

3. Araujo AK, Gondim A, Araujo IE. Esporotricose felina e humana – relato de um caso zoonótico. 2020.

4. Oliveira VM, Morais CR, Ribeiro AB. Esporotricose ocular: uma doença de caráter zoonótico e epidêmico - revisão bibliográfica. Rev Multidiscipl Saude. 2021;2(4):34.

5. Furtado LO, Santos MR, Gomes JÁP, Zancope-Oliveira RM. Esporotricose ocular: manifestações atípicas. Rev Bras Oftalmol. 2019;78:59-61.

6. Lemes LR, Bellissimo-Rodrigues F, Avelar WB, et al. Envolvimento ocular na esporotricose: relato de dois casos em crianças. An Bras Dermatol. 2021;96(3):349-351.

Área

GERAL (Trabalhos)

Instituições

UNIFAA - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

MARCUS Vinicius Cabral freesz, GIULIO CESARE PIMENTA CORREA , GIOVANA FERNANDES DE OLIVEIRA , TAYANA DA SILVA MOURA GARCIA, BRUNO IECKER FELIX, CARLOS ALBERTO DIAS MARINO FILHO