XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

NEUROMIELITE OPTICA SOROPOSITIVA COM ANTICORPO ANTI-MOG – UM RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO: A Neuromielite Óptica Soropositiva com Anticorpo Anti-MOG (NMOSD-anti-MOG) é uma doença inflamatória desmielinizante do sistema nervoso central que afeta o nervo óptico e a medula espinhal e apresenta o anticorpo anti-MOG. DESCRIÇÃO: Paciente feminina, 37 anos, há 15 dias apresentou perda de visão no campo inferior do olho esquerdo (OE), sem dor, que progrediu para escotoma total. Observou-se preservação da visão periférica e ausência de queixas no olho direito (OD). Ao exame, a acuidade visual era de conta dedos no OD e 20/30 no OE, pela tabela de Snellen. As pupilas eram isocóricas e reativas à luz, com um defeito pupilar aferente relativo no olho esquerdo. A fundoscopia e a retinografia revelaram um discreto edema róseo do nervo óptico esquerdo. O exame de campo visual computadorizado mostrou um defeito inferior de altitude no OE. A ressonância magnética não apresentou alterações. A paciente foi encaminhada para a urgência neurológica e recebeu pulsoterapia com Metilprednisolona 1mg/kg/dia por 5 dias. Houve uma melhora dramática na acuidade visual do OD após a pulsoterapia, que passou para 20/40. Após a alta, um novo exame de campo visual computadorizado revelou perda difusa de sensibilidade e escotomas nasais superiores no olho afetado. Após avaliação com a equipe de neurologia, o diagnóstico de neuromielite óptica (NMO) foi considerado. Após 3 meses, o resultado do teste para o anticorpo anti-MOG foi positivo, confirmando NMO. DISCUSSÃO: As manifestações clínicas da NMOSD-anti-MOG são distintas da Neuromielite Óptica Soropositiva com Anticorpo Anti-AQP4. O quadro clínico é marcado por episódios recorrentes de neurite óptica unilateral ou bilateral e podem ocorrer encefalite, síndrome do tronco cerebral e distúrbios cognitivos. O diagnóstico é baseado na associação desses sintomas com a detecção do anticorpo anti-MOG no soro ou no líquido cefalorraquidiano. Por fim, para tratamento são utilizados medicamentos com evidencias clínicas limitadas, tem-se as terapias imunossupressoras com corticosteroides em altas doses, imunoglobulina intravenosa, plasmaférese e os agentes imunossupressores de longo prazo, como azatioprina, micofenolato de mofetila e rituximabe. CONCLUSÃO: Destaca-se que pela alta suspeição clínica e mesmo na ausência de exames confirmatórios precoces, iniciar o tratamento foi crucial para a recuperação da visão da paciente. O avanço na sua compreensão e diretrizes terapêuticas adequadas são cruciais para o prognóstico.

Referências Bibliográficas

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Área

NEUROFTALMOLOGIA (Trabalhos)

Instituições

Centro Universitário UNIFIPMoc - Minas Gerais - Brasil

Autores

YURE BATISTA DE SOUSA, VICTORIA LIERY RIBEIRO ALVES, SÁLUA TRIGO EL-KHOURI BERNADES, ANNA JULIA ANTUNES PEREIRA, THAYNAH ROCHA DO CARMO, THAÍS NUNES ANDRADE