XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

RETINITE JUSTAPAPILAR POR TOXOPLASMOSE PRESUMIDA (DOENÇA DE JENSEN)

Resumo


A toxoplasmose é causada pelo parasita Toxoplasma gondii, que infecta pelo menos um terço da população mundial. A grande maioria dos indivíduos infetados é assintomática. Em indivíduos imunocompetentes, a toxoplasmose manifesta-se sobretudo por lesões oculares, sendo responsável por até 85% das uveítes infecciosas do segmento posterior.
Paciente, sexo feminino, 35 anos, compareceu à urgência com queixa de dor, prurido e hiperemia de olho esquerdo (OE) há 02 dias, sem demais queixas oculares e/ou sistêmicas. HOP E HPP: negativas. Ao exame: AVPH: 20/20-1 em ambos os olhos (AO). A BIO: OE com hiperemia 2+/4+, córnea transparente, câmara anterior formada com reação de câmara 2+/4+. Pressão intraocular 12 AO. Ao MR: OE vítreo claro, edema de disco, retinite justapapilar, ausência de hemorragias em arcadas vasculares e retina aplicada 360º. No OCT evidenciou em OE faixa hiperreflexia em retina externa em feixe papilomacular, depressão foveal com morfologia levemente distorcida por edema macular seroso e edema de disco em região temporal e nasal, mais pronunciado em região nasal. Exames laboratoriais: IgG reagente para toxoplasmose, VDRL e FTA-Abs não reagentes. Iniciado tratamento para retinite justapapilar por toxoplasmose (doença de Jensen) com sulfametoxazol e trimetropina e prednisona, permanecendo em acompanhamento neste serviço.
A retinocoroidite é uma condição que atinge a retina e a coroide subjacente, tida como apresentação típica da toxoplasmose ocular; entretanto, pode se manifestar com quadro clínico menos comuns, como papilite, neurorretinite e esclerite. A manifestação do presente caso foi neurorretinite unilateral, confirmada por retinografia e OCT. A toxoplasmose peripapilar é menos comum do que o envolvimento de outros locais da retina e varia de 35,3% no sul do Brasil a 5% no Japão.
A toxoplasmose ocular apresenta várias apresentações clínicas, sendo que o envolvimento do nervo óptico é incomum e geralmente se apresenta com pouco alteração da acuidade visual, indolor e unilateral; associado a massa inflamatória branca no disco óptico, edema de disco, às vezes acompanhada por edema macular em padrão estrelado e inflamação vítrea variável. O diagnóstico é baseado em achados clínicos e sorológicos. Apesar da escassez de literatura relevante publicada, a neuroretinite toxoplasmática em atividade é conduzido pela instituição imediata de antibióticos e corticosteroides visando redução da inflamação e os danos ao nervo óptico.

Referências Bibliográficas

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Nogueira V, Liverani M. Toxoplasmose Ocular. OftalSPO [Internet]. 28 de Abril de 2015 [citado 11 de Junho de 2023];38(4). Disponível em: https://revistas.rcaap.pt/oftalmologia/article/view/6848

Área

UVEÍTES (Trabalhos)

Instituições

SANTA CASA BELO HORIZONTE - Minas Gerais - Brasil

Autores

MARIA LUIZA BARROS FREITAS, CAIO RAMOS LAUAR, CAROLINA CAVAGNOLI SCHWANTES