XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

TODA IMAGEM MEMBRANACEA ADERIDA A SUPERFICIE INTERNA DA CORNEA E UM DESCOLAMENTO DE MEMBRANA DE DESCEMET?

Resumo

Introdução: Descolamentos da membrana de Descemet (DMD) no pós operatório da facoemulsificação é uma complicação rara que, se manejada de forma inadequada, pode evoluir para edema corneano definitivo com necessidade de transplante de córnea. A imagem do DMD é clássica, com edema corneano coincidindo com a área descolada, podendo ser visto tanto à biomicroscopia quanto à tomografia do segmento anterior (OCT-SA). Relato de caso: Paciente masculino, 76 anos, comparece à urgência oftalmológica com quadro de dor no olho direito (OD) de longa data. Cirurgia de catarata em ambos os olhos há 20 anos. Ao exame, acuidade visual com correção (AVCC) em OD de 20/30, presença de microbolhas em região inferior. Apresentava imagem membranácea, sugerindo DMD, em região temporal superior, próximo à incisão principal. Presença de vítreo em borda pupilar inferior. Olho esquerdo sem alterações. Prescrito NaCl 5%, lente de contato terapêutica e moxifloxacino 6/6h e questionado edema corneano secundário a DMD. Encaminhado para avaliar necessidade de injeção de ar/gás em câmara anterior. Após 07 dias, em análise minuciosa, notou-se que a área de edema inferior não tinha relação topográfica com área do suposto DMD, apresentando-se sem edemas, portanto, sem relação com as queixas. A membrana aderida à face interna da córnea foi estudada pelo OCT-SA, sendo possível ver que a membrana de Descemet (MD) local encontrava-se íntegra e que o material era advindo de outro local. Principal hipótese foi de remanescente de cápsula anterior, fragmento de MD de outro local que tenha se soltado deve ser considerado. Encontra-se oligossintomático, em tratamento clínico e sem condutas cirúrgicas no momento. Discussão: A facoemulsificação acelera a perda endotelial com uma taxa de redução da densidade de células endoteliais (ECD) de 2,5% ao ano por pelo menos 10 anos após a cirurgia. É fundamental a retirada de elementos suspeitos aderidos ao endotélio corneano uma vez que a perda endotelial do ato cirúrgico é acelerada devido à agressão local. Conclusão: Apesar do DMD ser a complicação esperada diante da apresentação clínica, cabe ressaltar os diagnósticos diferenciais. Embora o diagnóstico definitivo dependesse da retirada cirúrgica e estudo histopatológico, conseguimos concluir que a causa da queixa do paciente e da descompensação corneana não tinha relação com o fragmento membranáceo. Vale ressaltar a importância da retirada cuidadosa da cápsula anterior imediatamente após a capsulorrexe.

Referências Bibliográficas

1. Yong GY, Mohamed-Noor J, Salowi MA, Adnan TH, Zahari M. Risk factors affecting cataract surgery outcome: The Malaysian cataract surgery registry. PLoS One. 2022 Sep 21;17(9):e0274939. doi: 10.1371/journal.pone.0274939. PMID: 36129906; PMCID: PMC9491522.
2. Kwitko S. Endotélio e cirurgia da catarata: grandes desafios. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2000 Jun;63(3):235–9. Available from: https://doi.org/10.1590/S0004-27492000000300012
3. Choi, J. Y., & Han, Y. K. (2018). Long-term (≥10 years) results of corneal endothelial cell loss after cataract surgery. Canadian Journal of Ophthalmology. doi:10.1016/j.jcjo.2018.08.005

Área

CÓRNEA (Trabalhos)

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

TARCISIO VELOSO RABELO, GLAUBER COUTINHO ELIAZAR, ARTHUR BALDIM TERRA, GUSTAVO HENRIQUE MARTINS DE CARVALHO, LUCIANA XAVIER OLIVEIRA