Dados do Trabalho
Título
Correção de blefaroptose miopática pela técnica de conexão ao frontal com fáscia lata
Resumo
Introdução: A oftalmoplegia crônica externa progressiva cursa com blefaroptose de difícil tratamento. A ausência do reflexo de Bell, fraqueza do músculo orbicular e a oftalmoplegia limitam a abertura cirúrgica da fenda palpebral pelo risco de ceratite, ulcerações e consequentes opacidades da córnea. Estudo retrospectivo sugere a técnica de conexão ao frontal com fáscia lata como alternativa a outras técnicas com bom resultado. Relato do caso: Paciente M.A.F., sexo feminino 46 anos, procurou atendimento com queixa de blefaroptose progressiva há 6 anos associada à diplopia. Apresentava no exame físico acuidade visual sem correção de 20/80 nos 2 olhos. Obstrução do eixo visual impedia realizar a refração de forma segura. Motilidade ocular com restrição de todas as duções, fenda palpebral de 2 mm bilateral com compensação frontal e posição viciosa de cabeça com mento elevado. Distância margem reflexo negativa mesmo com contração máxima do frontal. Reflexo de Bell abolido. Realizada correção cirúrgica por conexão ao frontal utilizando fáscia Lata autóloga, sem suspensão palpebral intraoperatória. Paciente evoluiu satisfatoriamente com boa abertura palpebral (fenda de 6 mm e distância margem-reflexo de 1 mm), liberação do eixo visual e acuidade visual com correção de 20/25 nos 2 olhos. Apresentou boa oclusão sem sintomas irritativos oculares ou defeitos epiteliais significativos. Discussão: A técnica de conexão ao frontal não aumenta a abertura palpebral em repouso, mas possibilita uma abertura dinâmica da fenda palpebral pela transmissão da contração do músculo frontal conectado à placa tarsal por meio da fáscia lata. Desse modo, possibilita abertura da fenda palpebral com boa oclusão, diminuindo o risco de ceratite e olho seco evaporativo secundário. Conclusão: Por tratar-se de condição rara, é difícil realizar estudos clínicos prospectivos e randomizados para validar o melhor tratamento em blefaroptoses miogênicas. O presente caso concreto enfatiza a preocupação na busca de uma técnica que possa melhorar a qualidade visual desses pacientes com o mínimo comprometimento secundário do segmento anterior. A conexão ao frontal se mostra uma opção eficaz e segura, entretanto mais estudos devem ser realizados para realmente validar essa técnica.
Referências Bibliográficas
1.Current management of upper lid ptosis: a web-based international survey of oculoplastic surgeons
2. Diniz, Stefania B., et al. “Frontalis Linkage Without Intraoperative Eyelid Elevation for the Management of Myopathic Ptosis”. Ophthalmic Plastic & Reconstructive Surgery, vol. 36, no 3, maio de 2020, p. 258–62. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1097/IOP.0000000000001525.
3. Silvério J, Sugano DM, Lucci LMD, Rehder JRCL. Suspensão ao músculo frontal com politetrafluoretileno para o tratamento da blefaroptose. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2009Jan;72(1):79–83. Available from: https://doi.org/10.1590/S0004-27492009000100016
Área
OCULOPLÁSTICA (Trabalhos)
Instituições
Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil
Autores
JOYCE EMANUELLE MOREIRA, MARIA EDUARDA BONETTI SCHULZ, PATRÍCIA ANDRESSA NOSSAL, AMANDA FLORIANI MONTEIRO, TAMARA FERNANDES HENRIGER, ANGELINO JULIO CARIELLO