Dados do Trabalho
Título
MACULOPATIA TOXICA POR HIDROXICLOROQUINA – RELATO DE CASO
Resumo
INTRODUÇÃO: A hidroxicloroquina, fármaco utilizado no tratamento de malária e doenças reumatológicas, inibe a atividade de captação de ânion orgânico em células do epitélio pigmentado da retina (EPR). Suspeita-se de danos a fotorreceptores e, ao degenerar a camada nuclear externa, rompe o EPR e forma alterações com padrão parafoveal inferior bilateral, conhecido como Bulls Eyes. Estima-se que o risco de toxicidade, dose-dependente e de cumulativo, seja em 5a inferior a 1% e a partir de 20a, maior que 20%. Após suspensão, ainda há riscos. APRESENTAÇÃO: J.M.S, feminino, 72a, 65 kg, portadora de AR há 37 anos. História oftalmológica de baixa da acuidade visual (BAV) OD e alta miopia. Em tratamento para AR, fez uso de hidroxicloroquina (HCQ) 400 mg/dia, metotrexato 10mg e prednisona 40mg por 10 anos. Evoluiu BAV em OD em 2010. Mapeamento de retina ago/10: rarefação do EPR em mácula AO. Angiofluoresceinografia out/10: hiperfluorescência por defeito epitelial em janela sugestivo de maculopatia em ‘BullsEyes’. MR de 2014 e 2015 mantidos. Em 2018, suspensa HCQ. Campo visual dez/18: escotomas parafoveais inferiores AO. Abril/23, exame físico: AV C/C 20/200 (0,1) AO. Biomicroscopia sem alterações. Fundoscopia: atrofia peripapilar e hipopigmentação perifoveal AO. OCT jun/23: disrupção da camada de fotorreceptores e de zona elipsoide perifoveal, poupando região central. DISCUSSÃO: As queixas comuns são escotomas paracentrais e alteração em visão de cores. Em literatura, o risco de maculopatia foi menor com uso de doses abaixo de 5mg/ml/kg. A toxicidade é preocupante; pois, em geral, o dano macular é irreversível e caso haja alteração, deve-se descontinuar o uso de HCQ. Orienta-se o rastreio anual com exame oftalmológico completo, campimetria visual e OCT de mácula. O diagnóstico precoce almeja minimizar perda visual. CONCLUSÃO: Em literatura, não há evidências de tratamento efetivo para maculopatia tóxica por HQC. Recomenda-se suspensão imediata do fármaco assim que suspeita. Sugere-se rastreamento de alteração retiniana em pacientes sem fator de risco e em tratamento medicamentoso por até 5 anos; realizando ao menos 2 exames complementares para verificar possível toxicidade. Quando descontinuada, recomenda-se a reavaliação em 3 meses e, após, anualmente, para controle oftalmológico. Embora o medicamento seja seguro, com baixo risco de toxicidade retiniana e eficaz; ainda é recomendado seguimento oftalmológico pela gravidade do quadro e prognóstico visual reservado.
Referências Bibliográficas
1.Marmor MF, Kellner U, Lai TYY, Melles RB, Mieler WF. Recommendations on Screening for Chloroquine and Hydroxychloroquine Retinopathy (2016 Revision). Ophthalmology. 2016 Jun;123(6):1386–94.
2. 1.MCCANNEL CA. 2022-2023 BASIC AND CLINICAL SCIENCE COURSE, SECTION 14. 2022.
3. Yusuf IH, Sharma S, Luqmani R, Downes SM. Hydroxychloroquine retinopathy. Eye [Internet]. 2017 Mar 10 [cited 2020 Jun 26];31(6):828–45. Available from: https://www.nature.com/articles/eye2016298.pdf
Área
RETINA (Trabalhos)
Instituições
Hospital Evangélico de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
Autores
VANESSA DIB SALGE, LISSA CARVALHO WERNEQUE, LIVIA FREIRE REIS, RODRIGO BARBOSA MILAGRES, LUCAS MEDRADO LUZ, GABRIEL PENIDO OLIVEIRA, YURI BOSI TOREZANI, PABLO SOUSA OLIVEIRA, ALDINEI LUIGI SOUSA GONÇALVES