XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

MELANOMA CONJUNTIVAL DE CELULAS EPITELIOIDES: RELATO DE CASO

Resumo

Melanoma conjuntival é um subtipo de melanoma mucoso, tumor raro da superfície ocular, com apresentação diversa e propensão à metástase regional ou à distância (2). Geralmente, manifesta-se como lesão pigmentada assintomática (1).
Paciente, 73 anos, leucoderma, com histórico de lesão hipercrômica em conjuntiva com três meses de evolução em olho direito, de aumento pigmentar progressivo. À biomicroscopia, identificada lesão hiperpigmentada em conjuntiva bulbar, de medidas 3x3mm, pouco elevada. À fundoscopia, identificado nevo coroidal em arcada temporal inferior ipsilateral e oclusão de ramo de veia central da retina contralateral, confirmados em angiografia fluoresceínica.
Realizada exérese da lesão, utilizando-se álcool no epitélio corneano, e, anatomopatológico evidenciou melanoma invasor com células epitelioides, pigmentado e nodular, com margens livres, de estadiamento PT1a. Tomografia de tórax e ressonância magnética de órbitas, crânio e pescoço sem alterações. Indicada terapia adjuvante com mitomicina C 0,03%, em dois ciclos, e não se procedeu com pesquisa de linfonodo sentinela. Avaliada por equipe de Oncologia e manteve-se seguimento com a Oftalmologia.
O melanoma conjuntival representa 2 a 5% dos tumores oculares (1). Geralmente, origina-se de melanose primária adquirida com atipias ou nevos conjuntivais. Embora possa acometer qualquer local, é mais frequente em região perilimbar, com possível acometimento de epitélio corneano (3). Metástases podem ocorrer via hematogênica ou linfática, sendo o acometimento linfonodal regional mais precoce. A pesquisa de linfonodo sentinela é controversa, uma vez que metástases a distância podem ocorrer sem qualquer evidência de comprometimento linfático (1,4). Estudos atuais estabelecem critérios para prosseguir com a busca – não contemplam o atual caso.
A primeira linha terapêutica é a exérese com margens amplas, seguida de crioterapia (2). A epiteliotomia com álcool permite remoção cuidadosa de células tumorais do epitélio corneano após desnaturação celular (1) – mantendo-se a camada de Bowman intacta no processo. Diversas terapias adjuvantes são descritas com o intuito de reduzir a possibilidade de recidiva, dentre elas a mitomicina C, interferon-α-2β e a radioterapia (2). Dados quanto ao prognóstico são limitados, dada a raridade da doença. Embora pouco frequente, deve-se atentar ao diagnóstico, já que pode comprometer não só a visão, como também a integridade do globo ocular e da vida do paciente.

Referências Bibliográficas

1. Kaštelan S, Gverović Antunica A, Beketić Orešković L, Salopek Rabatić J, Kasun B, Bakija I. Conjunctival Melanoma - Epidemiological Trends and Features. Pathology oncology research : POR [Internet]. 2018 [cited 2019 Dec 8];24(4):787–96. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29802540
2. Grimes JM, Shah NV, Samie FH, Carvajal RD, Marr BP. Conjunctival Melanoma: Current Treatments and Future Options. American Journal of Clinical Dermatology. 2020 Jan 21;
3. Vasalaki M, Fabian ID, Reddy MA, Cohen VML, Sagoo MS. Ocular oncology: advances in retinoblastoma, uveal melanoma and conjunctival melanoma. British Medical Bulletin. 2017 Jan 1;121(1):107–19.
4. Koç İ, Kıratlı H. Current Management of Conjunctival Melanoma Part 1: Clinical Features, Diagnosis and Histopathology. Turkish Journal of Ophthalmology. 2020 Nov 5;50(5):293–303.

Área

ONCOLOGIA (Trabalhos)

Instituições

Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Minas Gerais - Brasil

Autores

NATALIA D'ARC QUEIROZ PIMENTA, FILLIPE LAIGNIER RODRIGUES DE LACERDA, JOSÉ ROBERTO COSTA REIS, DENIS CARDOSO HUEB