XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

Distrofia Estromal Lattice Tipo 3: Relato de Caso de uma Rara Afecção Corneana

Resumo

INTRODUÇÃO A distrofia estromal lattice (DEL) é uma condição ocular rara caracterizada pela deposição anormal de material fibrilar no estroma corneano. Entre os diferentes subtipos de DEL, destaca-se o tipo 3 (DEL3), uma variante extremamente rara e pouco documentada na literatura científica. RELATO DO CASO Paciente sexo feminino encaminhada ao departamento de glaucoma com opacidade estromal em olho direito (OD). Estava em tratamento para glaucoma com Brimonidina e Travoprosta, tinha uma história de trauma em OD, sem assistência médica a época. Ao exame oftalmológico, apresentou visão de 20/30 em ambos os olhos, conjuntiva calma, câmara anterior formada e lente intraocular tópica. Em OD foram identificadas opacidades estromais sugestivas de DEL 3. À fundoscopia paciente apresentava escavação ampla, brilho macular adequado e retina aplicada. No exame clínico mais recente, as linhas opacificadas paracentrais sugestivas de fibrose a nível de estroma corneano sugeriam a presença da DEL3. Devido boa acuidade visual (AV), as opções terapêuticas para esse tipo de distrofia não foram adotadas, uma vez que, ceratectomia e fototerapia podem gerar opacificações, levando uma possível AV final pior que a atual da paciente. Foi optado pelo acompanhamento semestral e monitoramento da AV para avaliação de uma possível abordagem mais invasiva futura. DISCUSSÃO DEL3 é uma doença não inflamatória causada por mutações no gene do fator de crescimento transformador beta induzido (TGFBI), sendo umas das causas secundarias os traumas oculares. As características clínicas incluem depósitos cinzentos no estroma anterior e linhas retrateis profundas que se estendem de limbo a limbo em ambas as córneas. O diagnóstico de DEL3 pode ser feito por meio de exames clínicos, como retroiluminação com lâmpada de fenda e tomografia de coerência óptica do segmento anterior no domínio de Fourier. As opções de tratamento incluem ceratectomia e fototerapia para remover o tecido afetado e, em alguns casos, o transplante de córnea pode ser necessário. O teste genético pode ajudar a identificar a mutação específica responsável pela distrofia corneana de um paciente, podendo auxiliar no diagnóstico e tratamento. CONCLUSÃO É importante o diagnóstico precoce e acompanhamento regular de pacientes com opacidades estromais corneanas, a fim de fornecer um manejo adequado, evitar complicações visuais futuras e intervenções iatrogênicas. Ressalta-se a necessidade de maior documentação e pesquisa sobre a DEL3.

Referências Bibliográficas

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Área

CÓRNEA (Trabalhos)

Instituições

Pontifícia Universidade Católica De Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

VITOR AUGUSTO ALVES DA SILVA, ALBERTO ANDRADE HORTA DUMONT, ANA CAROLINA ARAÚJO LAGE SANTOS, JOSÉ VICTOR MENDES MILHOMEM, JULIANA MARQUES SANTOS FERREIRA, NATALIA BATISTA ZANETTI, THIAGO ARAUJO DO NASCIMENTO