XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

ULCERA DE CORNEA EM MELTING CORNEANO POS TRAUMA: DO DIAGNOSTICO AO TRATAMENTO

Resumo

Introdução
A úlcera corneana se inicia, principalmente, a partir de uma descontinuidade no epitélio da córnea, que permite ao agente infeccioso acesso às células mais profundas. Uma das possíveis complicações deste processo, é o melting corneano, processo de alteração na conformação do colágeno, principalmente no estroma, o liquefazendo até a descemet.
Descrição do relato de caso
Paciente do sexo masculino, 42 anos, com relato de tentativa de auto-perfuração ocular em olho direito (OD), com relato de dor e sensação de corpo estranho. Ao exame físico, apresentava em OD hiperemia difusa, abrasão linear em córnea central com ausência de infiltrado, siedel negativo, câmara anterior formadas sem reação. Indicado o uso de lente de contato terapêutica com antibiótico em dose profilática (tobramicina). Paciente retorna após cinco dias com piora da baixa acuidade visual e dor intensa, associado a percepção de luz ipsilateral. Ao exame, apresentava em OD: olho quente, córnea em melting, infiltrado infeccioso denso central, câmara anterior aparentemente formada. Foi iniciado uso de vigamox 01/01 hora associado a colírio fortificado e realizado ultrassom modo B de urgência com achados sugestivos de endoftalmite em OD. Após resultado, optou-se pela injeção intravítreo de vancomicina em OD, porém, após 07 dias o paciente manteve a córnea em melting difuso, hipotensão ocular ao toque bidigital e dor intensa. Paciente seguiu para o transplante tectônico de córnea terapêutico, onde intercorreu com extrusão de cristalino liquefeito durante o procedimento. Seguiu aos cuidados pós operatórios, e após 48 dias do transplante e uso dos colírios profiláticos, apresentava acuidade visual corrigida em OD de 20/100 parcial e ao exame: olho calmo, botão transparente, suturas íntegras, seidel negativo, câmara anterior formada sem reação, afacia. Paciente segue em acompanhamento para programar implante secundário de lente intraocualr e novo transplante de córnea futuro, satisfeito com o resultado atingido até o momento.
Discussão
A úlcera de córnea é uma condição clínica grave, e quando o processo infeccioso não é contido, há uma progressiva destruição tissular do estroma corneano por enzimas inflamatórias e agentes quimiotáxicos. A dissolução corneana dá origem ao melting corneano, condição predisponente a complicações como a perfuração ocular. Neste contexto, é necessário restabelecer a integridade anatômica e funcional ao olho, sendo o transplante de córnea uma opção terapêutica

Referências Bibliográficas

Hossain P. The corneal melting point. Eye (Lond). 2012 Aug;26(8):1029-30. doi: 10.1038/eye.2012.136. Epub 2012 Jul 6. PMID: 22766538; PMCID: PMC3420049.

Área

CÓRNEA (Trabalhos)

Instituições

Santa Casa de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

ISADORA VIEIRA MENICUCCI FERRI, ISABHELLA OLIVEIRA MARQUES PIO, EDUARDO QUINTAO SANTANA, JULIANA TOLEDO MESQUITA, LUCAS TADEU SILVA REIS, LEONARDO COELHO GONTIJO , RENATA TAVARES SILVA SOUZA, ISABELA SOARES BOA MORTE