XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

Entrópio palpebral involucional: análise crítica das técnicas cirúrgicas de Retalho Tarsal combinadas com Quickert e Jones

Resumo

INTRODUÇÃO
O entrópio involucional é um subtipo prevalente de entrópio, caracterizado pela inversão da margem palpebral em direção ao globo ocular, resultando no atrito dos cílios e da pele sobre a córnea e conjuntiva, podendo causar danos oculares graves. Essa condição está associada a alterações das fibras musculares e da pele decorrentes do envelhecimento. O tratamento definitivo se dá através da abordagem cirúrgica, sendo o Retalho Tarsal Lateral (LTS) combinado às técnicas de Quickert através de suturas de eversão (LTS+Q), ou Jones, com a plicatura dos retratores da pálpebra inferior (LTS+J), métodos de destaque.

OBJETIVO
Realizar uma análise comparativa dos dados, quanto ao número de recidivas e taxas de cura, entre as técnicas de Retalho Tarsal combinadas às cirurgias de Quickert e Jones.

MÉTODOS
Revisão de literatura dos últimos dez anos em livros-texto e em bases de dados PubMed e Scielo, utilizando os descritores “Entropion”, “Surgery” e “Recurrence”, e filtros para artigos de revisão, meta-análise e ensaios clínicos.

RESULTADOS
Ao todo, foram analisados 12 artigos abrangendo as diversas técnicas de correção cirúrgica de entropio. Contudo, apenas 4 forneceram dados suficientes para uma análise comparativa das técnicas selecionadas. A técnica de LTS+Q foi mais citada, e portanto, apresentou uma maior amostra para análise. Em relação à técnica de LTS+Q os estudos mostraram taxas de recidiva variando de 2% a 7% e de 3,5% para a técnica de LTS+J. Vale ressaltar que a técnica LTS+Q foi mencionada como uma possível alternativa com o objetivo de corrigir procedimentos falhos realizados previamente. Em um estudo que comparou ambas as técnicas, foram separados dois grupos: O primeiro com pacientes submetidos à LTS+Q, e o segundo com pacientes submetidos à LTS+J. Após um curso de 13 meses, as taxas de cura nos grupos 1 e 2 foram de 92% e 90%, respectivamente.

CONCLUSÃO
Com base na análise dos dados disponíveis, infere-se que ambas as técnicas são efetivas, com uma discreta superioridade na técnica de LTS+Q em relação às taxas de cura. No entanto, os resultados obtidos não podem ser considerados absolutos devido às limitações do número de estudos disponíveis e à heterogeneidade dos dados analisados. Sugere-se a realização de estudos adicionais, para compreensão mais precisa da eficácia comparativa dessas técnicas. Ademais, é fundamental considerar as particularidades de cada caso, bem como os potenciais riscos de complicações e diagnósticos sobrepostos.

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Área

OCULOPLÁSTICA (Trabalhos)

Instituições

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Minas Gerais - Brasil

Autores

GEORGIA TEODORO MACIEL LOPES VALENTE, ANA LAURA HORTA NUNES, ALESSANDRA PORCARO