Dados do Trabalho
Título
CIRURGIA TRABECULAR MINIMAMENTE INVASIVA PARA CONTROLE DA PRESSAO INTRAOCULAR EM PACIENTE APOS COMPLICAÇAO TARDIA E FALENCIA DE TRABECULECTOMIA: RELATO DE CASO
Resumo
Introdução: A trabeculectomia (TREC) é a cirurgia antiglaucomatosa padrão-ouro que permite a diminuição da pressão intraocular (PIO) através do fluxo de humor aquoso da câmara anterior para o espaço subtenoniano por uma fístula na região limbar superior. Uma das complicações tardias deste procedimento é o Seidel positivo de bolha, que aumenta o risco de endoftalmite devido à exposição de germes da película lacrimal e estruturas perioculares, além de levar a quadro de hipotonia ocular.
Relato de caso: Paciente feminina, 79 anos, portadora de hipertensão arterial e artrite reumatoide, pseudofácica em olho direito (OD) e TREC em ambos os olhos (AO) há 12 anos, encaminhada ao ambulatório de Glaucoma para avaliação devido à hipotonia em olho esquerdo (OE) – 04 mmHg. Acuidade visual com correção de 20/100 em AO. À biomicroscopia apresentava bolha de TREC filtrante e fina, além de Seidel de bolha ++++/4+, seclusão pupilar e catarata.
Discussão de caso: Após a realização de recobrimento conjuntival apresentou controle da PIO em 12 mmHg sem uso de colírio antiglaucomatoso. Após 2 meses procurou atendimento com queixa de dor ocular e apresentando PIO de 24 mmHg mesmo com uso de colírio combinado. Sendo assim, foi instalada terapia tríplice para controle pressórico adequado. Após alguns meses foi realizada facectomia com implante de lente intraocular e microimplante trabecular com manutenção da PIO em cerca de 14 mmHg no pós-operatório imediato e nos quatro anos seguintes sem uso de medicação.
Conclusão: O microimplante trabecular está entre uma das técnicas de cirurgia microinvasiva de glaucoma que tem como objetivo criar uma passagem direta através da malha trabecular, levando à comunicação entre a câmara anterior e as estruturas pós-trabeculares. São frequentemente indicadas em glaucoma de ângulo aberto com falha terapêutica ao tratamento medicamentoso ou à trabeculoplastia à laser. Estudos apontam que há uma maior efetividade dos resultados em pacientes com PIO controlada com medicamentos tópicos. A ineficiência de terapias não invasivas prediz uma baixa viabilidade do sistema de fluxo pós-trabecular. Nesse âmbito, apesar do microimplante não ser o melhor cenário para a paciente supracitada devido ao descontrole pressórico prévio por trabeculectomia ocluída, se obteve sucesso no controle da PIO nos anos subsequentes.
Referências Bibliográficas
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Área
GLAUCOMA (Trabalhos)
Instituições
Hospital Oftalmológico Santa Beatriz - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
VANESSA DE ANDRADE LIMA, ALEXANDRE PEREIRA DA SILVA FILHO, NATÁLIA VALLE MARON SUHETT, JOÃO LUCAS MOTA AVELINO, LARISSA CORRÊA GARCIA DE OLIVEIRA, RAFAEL PERUCHI CARVALHO, ARTHUR RANGEL DE OLIVEIRA PEREIRA, LUCIANA FREITAS SAKER