XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO DE TOXOPLASMOSE OCULAR COMPLICADA COM SINDROME DE STEVENS-JOHNSON: UM RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO: A toxoplasmose ocular, doença causada pelo parasita Toxoplasma gondii, é a forma mais comum de uveíte posterior infecciosa. O tratamento envolve drogas antimicrobianas sistêmicas, associadas ou não a corticosteroides. É essencial acompanhar o paciente quanto à evolução e possíveis eventos adversos, incluindo quadros graves como a Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ).
RELATO DO CASO: Paciente feminina, 31 anos, procurou a Urgência Oftalmológica devido à piora abrupta da acuidade visual em olho direito. Negava tratamentos oftalmológicos prévios ou alergias medicamentosas. Ao exame apresentava reação de câmara 2+∕4+, edema de disco óptico, lesão exsudativa em região temporal inferior ao disco e hemorragias peridiscais, sinais sugestivos de toxoplasmose ocular. O tratamento com Sulfametoxazol-Trimetoprim, Maxidex e Tropicamida foi iniciado. Após uma semana, os resultados dos exames confirmaram a toxoplasmose ocular, e a Prednisona foi adicionada ao tratamento. No entanto, a paciente retorna à Urgência dois dias após, apresentando edema labial e de membros inferiores, rash cutâneo, incapacidade de deambulação e deglutição, e conjuntivite, sendo indicada internação hospitalar. Avaliada pela equipe de dermatologia, recebeu diagnóstico de SSJ. O medicamento Sulfametoxazol-Trimetoprim foi suspenso e a Clindamicina foi introduzida. Após a internação e tratamento adequado, a paciente teve melhora significativa do quadro oftalmológico e sistêmico.
DISCUSSÃO: A SSJ é uma reação de hipersensibilidade rara e grave caracterizada por lesões cutâneas e de mucosas, afetando também os olhos. Os quadros oftalmológicos crônicos podem comprometer a acuidade visual, destacando simbléfaro, entrópio, ectrópio, triquíase, olho seco, conjuntivalização e queratinização corneana. O tratamento é de suporte e sintomático, envolve cuidados especiais com a pele e mucosas, além de avaliação oftalmológica regular. É imprescindível suspender ou substituir o medicamento que desencadeou o quadro.
CONCLUSÃO: O caso ressalta a importância do diagnóstico precoce e da vigilância durante o tratamento da toxoplasmose ocular. Embora as drogas antimicrobianas sejam fundamentais para melhor desfecho do quadro, eventos adversos, como a SSJ, podem ocorrer e requerem atenção cuidadosa. Neste caso, a paciente desenvolveu a síndrome devido ao uso de Sulfametoxazol-Trimetoprim, exigindo a suspensão imediata e a introdução de uma terapia alternativa.

Referências Bibliográficas

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Área

RETINA (Trabalhos)

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

CAROLINA CAVAGNOLI SCHWANTES, MARIA LUIZA BARROS FREITAS, CAIO RAMOS LAUAR