Dados do Trabalho
Título
TRATAMENTO DE TOXOPLASMOSE OCULAR COMPLICADA COM SINDROME DE STEVENS-JOHNSON: UM RELATO DE CASO
Resumo
INTRODUÇÃO: A toxoplasmose ocular, doença causada pelo parasita Toxoplasma gondii, é a forma mais comum de uveíte posterior infecciosa. O tratamento envolve drogas antimicrobianas sistêmicas, associadas ou não a corticosteroides. É essencial acompanhar o paciente quanto à evolução e possíveis eventos adversos, incluindo quadros graves como a Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ).
RELATO DO CASO: Paciente feminina, 31 anos, procurou a Urgência Oftalmológica devido à piora abrupta da acuidade visual em olho direito. Negava tratamentos oftalmológicos prévios ou alergias medicamentosas. Ao exame apresentava reação de câmara 2+∕4+, edema de disco óptico, lesão exsudativa em região temporal inferior ao disco e hemorragias peridiscais, sinais sugestivos de toxoplasmose ocular. O tratamento com Sulfametoxazol-Trimetoprim, Maxidex e Tropicamida foi iniciado. Após uma semana, os resultados dos exames confirmaram a toxoplasmose ocular, e a Prednisona foi adicionada ao tratamento. No entanto, a paciente retorna à Urgência dois dias após, apresentando edema labial e de membros inferiores, rash cutâneo, incapacidade de deambulação e deglutição, e conjuntivite, sendo indicada internação hospitalar. Avaliada pela equipe de dermatologia, recebeu diagnóstico de SSJ. O medicamento Sulfametoxazol-Trimetoprim foi suspenso e a Clindamicina foi introduzida. Após a internação e tratamento adequado, a paciente teve melhora significativa do quadro oftalmológico e sistêmico.
DISCUSSÃO: A SSJ é uma reação de hipersensibilidade rara e grave caracterizada por lesões cutâneas e de mucosas, afetando também os olhos. Os quadros oftalmológicos crônicos podem comprometer a acuidade visual, destacando simbléfaro, entrópio, ectrópio, triquíase, olho seco, conjuntivalização e queratinização corneana. O tratamento é de suporte e sintomático, envolve cuidados especiais com a pele e mucosas, além de avaliação oftalmológica regular. É imprescindível suspender ou substituir o medicamento que desencadeou o quadro.
CONCLUSÃO: O caso ressalta a importância do diagnóstico precoce e da vigilância durante o tratamento da toxoplasmose ocular. Embora as drogas antimicrobianas sejam fundamentais para melhor desfecho do quadro, eventos adversos, como a SSJ, podem ocorrer e requerem atenção cuidadosa. Neste caso, a paciente desenvolveu a síndrome devido ao uso de Sulfametoxazol-Trimetoprim, exigindo a suspensão imediata e a introdução de uma terapia alternativa.
Referências Bibliográficas
1) Holland, G. N. & Lewis, K. G. An update on current practices in the management of ocular toxoplasmosis. American Journal of Ophthalmology, 134: 102-114, 2002.
2) Montoya, J.G., and Liesenfeld, O. Toxoplasmosis. Lancet 363:1965–1976, 2004.
3) Muccioli, C., Silveia, C., and Belfort Jr., R. Toxoplasmose Ocular. In: SOUZA, W., and BELFORT JR., R., comp. Toxoplasmose & Toxoplasma gondii [online]. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2014, pp. 181-196.
4) Nogueira R, Franca M, Lobato MG, Belfort R, Souza CB, Gomes JÁP. Qualidade de vida dos pacientes portadores de síndrome de Stevens-Johnson. Arq. Bras. Oftalmol. 2003;66(1):67-70. 10.1590/S0004-27492003000100013
5) Roujeau JC, Kelly JP, Naldi L, Rzany B, Stern RS, Anderson T, Auquier A, Bastuji-Garin S, Correia O, Locati F, et al. Medication use and the risk of Stevens-Johnson syndrome or toxic epidermal necrolysis. N Engl J Med. 1995 Dec 14;333(24):1600-7. doi: 10.1056/NEJM199512143332404. PMID: 7477195.
6) Vallochi, A.L., Muccioli, C., Martins, M.C., et al. The genotype of Toxoplasma gondii strains causing ocular toxoplasmosis in humans in Brazil. Am. J. Ophthalmol. 139:350– 351, 2005.
Área
RETINA (Trabalhos)
Instituições
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
Autores
CAROLINA CAVAGNOLI SCHWANTES, MARIA LUIZA BARROS FREITAS, CAIO RAMOS LAUAR