Dados do Trabalho
Título
BAIXA DE ACUIDADE VISUAL APOS TRAUMA OCULAR CONTUSO: MACULOPATIA HIPOTONICA E DIAGNOSTICOS DIFERENCIAIS
Resumo
INTRODUÇÃO: O trauma ocular é uma importante causa de perda visual, sendo mais comum em homens jovens. Pode ser dividido em aberto e fechado (contuso). Durante sua ocorrência o bulbo ocular se expande rapidamente podendo gerar diversos tipos de alterações. Dentre elas está a maculopatia hipotônica. Objetiva-se descrever um caso de BAV após trauma ocular contuso discutindo-se seus diagnósticos diferenciais. RELATO DE CASO: Homem, 17 anos, refere trauma em OE há 10 dias com disco de lixadeira evoluindo com BAV e dor branda. Negava antecedentes oftalmológicos e comorbidades. Ao exame, AVCC de 20/25 (OD) e 20/100 (OE), biomicroscopia sem alterações em OD e com edema palpebral, hiposfagma nasal inferior, hifema de 1 mm e RCA (2/4+) em OE. Tonometria bigital em OD normotônica e em OE hipotônica. Fundoscopia sem alterações em OD, evidenciando em OE disco óptico hiperemiado e edemanciado, mácula com brilho reduzido e aspecto pregueado, vasos com tortuosidade aumentada, retina aplicada, hemorragia vítrea nasal superior e edema de berlim em polo posterior. Retinografia e OCT corroborando com os achados anteriores, ambos sugestivos de maculopatia hipotônica com aparente descolamento de coroide nasal superior. Prescrito atropina 1% tópica, dexametasona oftálmica de 2/2 h em desmame semanal e prednisona 60mg via oral reducional. Após o tratamento, evoluiu com resolução das queixas e achados anteriores, apresentando: AVCC – AO: 20/25; PIO – AO: 15 mmHg; biomicroscopia e fundoscopia sem alterações em AO. DISCUSSÃO: Trauma ocular é uma queixa comum na urgência oftalmológica, frequentemente associado a BAV. O diagnóstico da lesão subjacente é fundamental para o manejo do caso, reduzindo o risco de sequelas. A maculopatia hipotônica deve ser lembrada nessas situações. Caracteriza-se pela baixa pressão intraocular (abaixo de 6 mmhg) e pode causar redução da acuidade visual por pregueamento coriorretiniano. Sua etiologia pode envolver ciclodiálise, descolamento ciliocoroidal, entre outras. O tratamento em muitos casos envolve corticoides e cicloplégicos tópicos visando redução da inflamação e escoamento de humor aquoso. Outros diagnósticos como neurite óptica traumática e uveíte traumática devem ser descartados. CONCLUSÃO: A BAV após trauma ocular é recorrente, sendo fundamental o domínio da maculopatia hipotônica e seus diagnósticos diferenciais visando-se uma conduta assertiva. Exames complementares auxiliam na definição desse manejo contribuindo para melhores desfechos.
Referências Bibliográficas
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Área
URGÊNCIAS E TRAUMAS (Trabalhos)
Instituições
Hospital São Geraldo (HC-UFMG) - Minas Gerais - Brasil
Autores
CAIO GODINHO CALDEIRA, LIVIA NUNES BARBOZA DUARTE, FERNANDO ANTONIO CARNEIRO BORBA CARVALHO NETO, KARINA AZEVEDO LOBO, FERNANDO NASCIMENTO DE ARAÚJO, DANIEL VÍTOR DE VASCONCELOS SANTOS