XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

OFTALMOPLEGIA NA SINDROME DE MILLER-FISHER: RELATO DE CASO

Resumo

Introdução:
A Síndrome de Miller-Fisher (SMF) é uma polirradiculopatia desmielinizante inflamatória aguda autoimune, considerada uma das quatro variantes da Síndrome de Guillain-Barré (SGB). É caracterizada pela tríade clínica de ataxia, arreflexia e oftalmoplegia, sendo geralmente precedida de um quadro infeccioso respiratório ou gastrointestinal.
Relato do caso:
T. V. C., 27 anos, previamente hígida, deu entrada no pronto atendimento, com queixa de fraqueza em membros inferiores (MMII), com piora progressiva, associada a parestesia e paresia ascendente, além de dificuldade de deambulação. Evoluiu nos dias subsequentes com piora dos sintomas, apresentando pupilas midriáticas, turvação visual, rouquidão, dificuldade de deglutição, de realizar mimicas faciais, movimento ocular levemente limitado e diplopia. Ao exame neurológico, apresentava -se com pupilas midriáticas não reativas, disbasia, tônus muscular diminuído, principalmente em MMII; e reflexos profundos ausentes em MMII. Ao exame dos pares cranianos, apresentava oftalmoparesia completa em ambos os olhos, plegia dos músculos faciais e ausência de movimento do palato mole. Considerando o quadro clínico, a hipótese de SMF foi considerada e corroborada pelo estudo liquórico que mostrou dissociação proteínocitológica, além de alteração na eletroneuromiografia. Nos exames sorológicos, apresentou IgM positivo para o vírus da dengue.
Discussão:
A SMF é descrita por alguns autores como uma paralisia flácida pós-infecciosa, causada por inflamação e lesão dos nervos periféricos. O acometimento do nervo óptico é raro, e o envolvimento dos pares cranianos segue, em ordem decrescente de acometimento, os pares VII, IX, X, VI e III. Por ser uma doença rara, com pouquíssimos casos relatados, não existe uma etiologia definida. Alguns estudos destacam o potencial do neurotropismo do vírus da dengue no sistema nervoso periférico para causar a SMF. Deve-se pensar em diagnósticos diferenciais que podem mimetizar a SGB, como a Miastenia Gravis. O tratamento é semelhante ao da SGB, havendo atualmente duas opções, a imunoglobulina venosa e a abordagem alternativa, a plasmaferese.
Conclusão:
A SGB é a causa mais comum de paralisia flácida, sendo a SMF, uma variante rara da síndrome. O diagnóstico é clínico, somado com exames complementares. Alto índice de suspeição é necessário para diagnosticar os pacientes precocemente, podendo modificar a evolução do quadro e permitir um prognóstico mais favorável.

Referências Bibliográficas

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Área

NEUROFTALMOLOGIA (Trabalhos)

Instituições

Centro de Estudos e Pesquisas Oculistas Associados - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

FLAVIA DOS SANTOS OLIVEIRA, ANDREW ALVES MARINHO, LAURA FREITAS ALVES URIAS, LUIZA COSTA RIBEIRO, ANDRESSA PUHL PETRAZZINI, RAFAELA MARCELLO SOARES, FERNANDA DUARTE ASSIS