XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

PERFURAÇAO OCULAR APOS HIDROPSIA AGUDA EM CERATOCONE: RELATO DE UM CASO RARO

Resumo

Introdução: O ceratocone é a principal ectasia da córnea, caracterizado por afinamento e aumento da curvatura corneanos. É uma condição não inflamatória, bilateral e assimétrica, que cursa com astigmatismo irregular, causando baixa acuidade visual (BAV) na sua evolução, caso não seja tratada adequadamente. A hidrópsia é uma complicação aguda rara de casos avançados de ceratocone. Nela, há rotura da membrana de Descemet e hidratação do estroma, gerando edema, irregularidade corneana, dor, fotofobia e BAV.

Relato de caso: Paciente feminina, 27 anos, compareceu no dia 11/05/2023 à urgência oftalmológica do Hospital Evangélico de Belo Horizonte com queixa de dor ocular, BAV e descarga de líquido translúcido em olho direito (OD), com início há 2 dias. Relatava diagnóstico de ceratocone na adolescência, já tendo feito uso de lentes de contato rígidas, porém sem acompanhamento há anos. Negava traumas, cirurgias oculares e uso de colírios, bem como outras comorbidades.
Ao exame, acuidade visual sem correção (AVSC): OD: menor do que 20/400; OE: 20/200 parcial. Biomicroscopia anterior: OD: córnea hiperprolada com região edemaciada correspondendo a quadro de hidrópsia aguda central, importante área de afinamento superior, desepitelizada, fluoresceína positiva, medindo 2 mm (vertical) por 4 mm (horizontal), com área de perfuração e Seidel positivo; OE: córnea hiperprolada, com afinamento e estrias de Vogt centrais.
Paciente encaminhada à Córnea e iniciado tratamento com moxifloxacino tópico de 2/2 horas, dexametasona tópica 1 vez ao dia (ambos em OD), ciprofloxacino via oral 500 mg de 12/12 horas por 14 dias, além de analgésicos. Colocada lente de contato terapêutica em OD e a paciente foi inscrita em caráter de urgência no Sistema Nacional de Transplantes (SNT) para obtenção de córnea tectônica para transplante.

Discussão: Perfuração corneana associada à hidrópsia aguda no ceratocone é um evento muito raro, tendo sido descrita poucas vezes na literatura. Nos casos descritos, a perfuração foi associada à gravidez, ao uso de corticoides tópicos, ao ato de coçar os olhos, à pressão intraocular elevada, em associação à ectasia pós-LASIK e até mesmo espontaneamente. Trata-se de um quadro grave, que pode evoluir com complicações devastadoras, como endoftalmite, devendo ser prontamente abordada.

Conclusão: Um adequado acompanhamento do paciente com ceratocone é essencial para evitar casos extremos como o relatado e proporcionar a melhor qualidade de visão possível ao paciente.

Referências Bibliográficas

Dantas PEC, Nishiwaki-Dantas MC. Spontaneous bilateral corneal perforation of acute hydrops in keratoconus. Eye & Contact Lens. 2004 Jan;30(1):40-41.

Gaskin JCF, Patel DV, McGhee CNJ. Acute corneal hydrops in keratoconus - new perspectives. American Journal of Ophthalmology. 2014 May;157(5):921-928.

Hilely A, Kleinmann G. Case report: acute hydrops and spontaneous corneal perforation in a patient with keratoconus treated with colchicine for familial Mediterranean fever. International Ophthalmology. 2019 Jun;6:1367-1369.

Yeh S, Smith JA. Management of acute hydrops with perforation in a patient with keratoconus and cone dystrophy: case report and literature review. Cornea. 2008 Oct;9:1062-1065.

Área

CÓRNEA (Trabalhos)

Instituições

Hospital Evangélico de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

GABRIEL PENIDO DE OLIVEIRA, RAFAEL LEITE DE OLIVEIRA, YURI BOSI TOREZANI, JHONATA FREITAS DE RESENDE, VANESSA DIB SALGE, LISSA CARVALHO WERNEQUE, PABLO SOUSA DE OLIVEIRA, IZABELA FERNANDES GODINHO