XII Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Dados do Trabalho


Título

ENDOFTALMITE PÓS TRAUMA COM CORPO ESTRANHO INTROCULAR DESCOBERTO NO INTRAOPERATÓRIO: RELATO DE CASO

Resumo

Lesões oculares traumáticas podem ser classificadas como globo aberto ou fechado, ter causas diversas e complicar com perda visual irreversível.1 Corpos estranhos introculares (CEI), elevam o risco dessas complicações e estão presentes em até 41% dos casos de lesões abertas e até 90% são metálicos.2 O objetivo desse relato é mostrar a evolução, às vezes, inesperada que um trauma ocular e frisar a importância do exame clínico minucioso e tratamento ágil, mas também da boa relação médico-paciente e exposição de riscos.
Paciente, sexo masculino, 74 anos, procurou atendimento oftalmológico, durante a pandemia, por dor em olho esquerdo (OE) e baixa acuidade visual, após trauma com pedra, enquanto a martelava. Ao exame, apresentava acuidade visual (AV) 20/70 em olho direito e percepção luminosa em OE. Versões preservadas, hematoma em pálpebra inferior com edema leve, sem enfisema subcutâneo e tensão preservada, pela tensão bidigital (TBD). Havia também quemose e hiposfagma importantes de OE, córnea transparente, reação de câmara anterior +/4+ e hemorragia vítrea à fundoscopia. Tomografia computadorizada de órbita constatou corpo estranho (CE) metálico que margeava o globo ocular, sem concluir perfuração. A porta de entrada do CE, visualizada após retirar a máscara, em região malar esquerda. Durante internação, paciente evoluiu com piora clínica, proptose, aumento da quemose e da TBD, com restrição global da muscula extraocular e necessidade de abordagem cirúrgica de urgência pela suspeita de hematoma retroorbitário. No ato operatório, identificou-se corte penetrante na porção inferior do globo com saída de secreção purulenta, sem visualização do CE. Decidido pela evisceração, para retirada do CEI e tratamento da infecção. Realizada antiobioticoterapia e seguimento ambulatorial, com boa evolução clínica.
A endoftalmite pós traumática é devastadora e representa cerca de 30% dos casos de endoftalmite. 3 A incidência aumenta a depender da extensão da ferida, tempo primário da abordagem, idade maior que 50 anos e presença do CEI retido. 3 Fatores de risco, esses, que influenciaram na evolução do caso descrito. O exame detalhado associado a exames de imagem é fundamental, mas nem sempre esclarecedor. O diagnóstico no trauma é desafiador, complicações como a endoftalmite, por exemplo, são confundidos com os sinais e sintomas inflamatórios do próprio trauma.3 Por isso, reitera-se a atenção ao diagnóstico, para tratamento precoce e explicitar os riscos ao paciente.

Referências Bibliográficas

1- Kuhn F, Morris R, Witherspoon CD, Mann L. Epidemiology of blinding trauma in the United States Eye Injury Registry. Ophthalmic Epidemiol. 2006 Jun;13(3):209-16.
2 - De Juan E Jr, Sternberg P Jr, Michels RG. Penetrating ocular injuries. Types of injuries and visual results. Ophthalmology. 1983 Nov;90(11):1318-22.
3 - Bhagat N, Nagori S, Zarbin M. Post-traumatic Infectious Endophthalmitis. Surv Ophthalmol. 2011 May-Jun;56(3):214-51.

Área

URGÊNCIAS E TRAUMAS (Trabalhos)

Instituições

HC-UFTM (Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro) - Minas Gerais - Brasil

Autores

FILLIPE LAIGNIER RODRIGUES DE LACERDA, GABRIELA XAVIER REZENDE, NATÁLIA DARC QUEIROZ PIMENTA, PEDRO SOARES CORREA, FERNANDA CAROLINA SILVA