Dados do Trabalho

Título

CONDUTA CONSERVADORA NA PERFURAÇAO CORNEANA ASSOCIADA A TRAUMA PERFURANTE NO OLHO DIREITO POR UM FIO DE COBRE: UM RELATO DE CASO

Resumo

INTRODUÇÃO: O trauma ocular é uma das principais causas de perda de visão unilateral, e as perfurações corneanas são consideradas emergências oftalmológicas que requerem intervenção rápida e eficaz. DESCRIÇÃO DO RELATO DE CASO: Paciente, 41 anos, masculino, eletricista, durante o trabalho sofreu trauma com fio de cobre no olho direito (OD). Ao exame, foi observada perfuração paracentral inferior na córnea, medindo 0,5 mm, Seidel +, hiperemia conjuntival, e toque na cápsula anterior do cristalino, havendo dúvida quanto à sua ruptura. Acuidade visual corrigida (AVCC) de 20/100 no OD e 20/20 no olho esquerdo. Considerou-se a possibilidade de reconstrução da câmara anterior (CA) com sutura de córnea e facoemulsificação do cristalino. Contudo, optou-se por conduta conservadora de colocação lente de contato terapêutica (LCT) no OD e observação. Após 24h, observou-se CA formada, seidel tamponado com a LCT e ausência de ruptura da cápsula, mantendo a LCT junto ao uso de moxifloxacino, dexametasona, atropina tópica e ciprofloxacino oral. Após 48h, a AVCC do OD era de 20/40+2. Assim, optou-se por manter a abordagem conservadora. Após 3 meses o paciente foi avaliado com acuidade de 20/20 sem correção. DISCUSSÃO: A perfuração corneana é uma emergência oftalmológica que requer intervenção rápida, pois frequentemente perfuram a cápsula anterior do cristalino, levando à formação de catarata e aumentando o risco de glaucoma facolítico. Os tratamentos conservadores incluem o uso de LCT e colas de tecido para perfurações corneanas pequenas até 3 mm. Enquanto os tratamentos cirúrgicos envolvem sutura simples da córnea, retalhos conjuntivais, transplante de membrana amniótica e transplante de córnea. A LCT é indicada para perfurações oculares pequenas, de até 1 mm, sem envolvimento de tecido uveal. A lente tem como objetivo ocluir o orifício da perfuração e diminuir o Seidel da CA para eventual cicatrização por segunda intenção da córnea. No entanto, existem contraindicações importantes para o uso de LCT, como a infecção ocular e a falta de seguimento. CONCLUSÃO: A escolha do tratamento depende do tamanho da perfuração e de complicações. Nesse relato de caso, não houve ruptura da cápsula anterior do cristalino, permitindo a adoção de uma conduta conservadora. Portanto, essa abordagem permitiu o melhor resultado visual com a menor intervenção possível, evitando-se a sutura de córnea, o astigmatismo corneano, além de uma facoemulsificação.

Referências Bibliográficas

Ferreira F de QT, Nascimento MF do, Meneguim RLF de S, Padovani CR, Schellini SA. Ocular trauma at the Botucatu medical school. Revista Brasileira de Oftalmologia. 2016;75.
Sharma A, Sharma N, Basu S, Sharma R, Aggarwal S, Gupta PC, Ram J, et al. Tissue Adhesives for the Management of Corneal Perforations and Challenging Corneal Conditions. 2023; 17:209-223.
Yokogawa H, Kobayashi A, Yamazaki N, Masaki T, Sugiyama K. Terapias cirúrgicas para perfurações da córnea: 10 anos de casos em um hospital terciário de referência. Clin Oftalmol. 2014;8:2165-2170.
Coral-Ghanem C, Ghanem VC, Ghanem RC. Lentes de contato terapêuticas e as vantagens dos materiais de alto Dk. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. 2008 Dec;71(6):19–22.

Área

URGÊNCIAS E TRAUMAS (Trabalhos)