Dados do Trabalho

Título

ACHADO INCIDENTAL E PRECOCE DO MELANOMA DE COROIDE: RELATO DE CASO E DISCUSSAO DOS ACHADOS ULTRASSONOGRAFICOS COMO FERRAMENTA DIAGNOSTICA.

Resumo

Introdução: O melanoma de coroide é o tumor intraocular maligno mais comum em adultos¹, com incidência de 5 casos por 1.000.000 de habitantes². Apresenta-se normalmente associado à baixa acuidade visual (AV), mas em alguns pacientes é assintomático, sendo um achado incidental³. Este relato apresenta um caso de melanoma de coroide assintomático e seus achados ultrassonográficos.
Descrição do relato de caso: Paciente, sexo feminino, 40 anos, compareceu à consulta oftalmológica devido a um hiposfagma, sem sintomas adicionais. Em seu histórico, acompanhava devido à suspeita de glaucoma e referia emagrecimento recente. Ao exame, apresentava AV 20/20; e à oftalmoscopia indireta foi identificada uma lesão enegrecida elevada no olho esquerdo (OE), com bordas imprecisas, medindo aproximadamente 10 mm. Complementada propedêutica com a ecografia, foi diagnosticado melanoma de coroide e indicado o tratamento com braquiterapia.
Discussão: A oftalmoscopia indireta e a avaliação ultrassonográfica desempenham um papel crucial no diagnóstico e no planejamento terapêutico do melanoma de coroide³ e, neste caso, não foi diferente. A ecografia do OE da paciente revelou uma lesão parietal cupuliforme, de média reflexibilidade acústica, estrutura interna homogênea, com ângulo kappa presente. A lesão se iniciava 7,5 mm temporais ao centro do disco óptico e se estendia 9,5 mm horizontalmente e 10,2 mm verticalmente, terminando a 6 mm da pars plana. Não foram observados descolamentos de retina ou extensões extra esclerais, mas observou-se escavação coroidiana. O estudo por doppler mostrou paucivascularização interna, com vaso mais calibroso no aspecto temporal e superficial da lesão, apresentando um índice de resistência muito baixo, indicativo de neoangiogênese. Esses achados são consistentes com um melanoma de coroide e coincidem com os descritos na literatura¹.
Conclusão: O diagnóstico precoce do melanoma de coroide é essencial para garantir o melhor resultado terapêutico e preservar a AV do paciente⁴, o que foi possível neste caso pela oftalmoscopia indireta. Além disso, os achados ultrassonográficos foram fundamentais para exclusão de diagnósticos diferenciais e estabelecimento do diagnóstico, fornecendo informações sobre a localização, extensão e atividade tumoral. Com base nesses achados, a paciente foi submetida a braquiterapia como tratamento conservador. O acompanhamento e a resposta ao tratamento estão sendo monitorados, com a expectativa de sucesso terapêutico.

Referências Bibliográficas

1. Branisteanu DC, Bogdanici CM, Branisteanu DE, et al. Uveal melanoma diagnosis and current treatment options (Review). Exp Ther Med. 2021;22(6):1428. doi:10.3892/etm.2021.10863
2. Cunha AAF da, Rodrigues NHT, Almeida GA e, Picanço BC, Netto JA. Melanoma de corpo ciliar e coróide: relato de caso. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2010Mar;73(2):193–6. Available from: https://doi.org/10.1590/S0004-27492010000200020
3. Arcieri ES, Fonseca D, França ET, Braga EF, Ferreira MA. Estudo de melanoma de coróide na Universidade Federal de Uberlândia. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2002Jan;65(1):89–93. Available from: https://doi.org/10.1590/S0004-27492002000100017
4. Grumann Júnior A, Adam Neto A, Lima GC, Vergini F, Souza T de AB de. Estudo de melanoma da coróide no Hospital Regional de São José - Santa Catarina. Arq Bras Oftalmol [Internet]. 2006Jul;69(4):551–5. Available from: https://doi.org/10.1590/S0004-27492006000400017